quarta-feira, 30 de junho de 2010

E! A letra mais silenciosa do inglês!

Pois.... é! A letra e quase nunca se pronuncia no fim de uma palavra. Vamos ver alguns exemplos: home /houm/, Joe /djou/, nice /nays/, place /pleys/, come /kəm/, e office /'aw fəs/. Entre as únicas exceções são as palavras recipe /'rɛ sɪ pi/ = receita, e resume, uma importação francesa que às vezes se escreve resumé = currículo vitae /'rɛ zu me/. Quando se tem duas vogais consecutivas no final da palavra, se pronuncia a combinação como uma vogal só, e essa regra também vale quando se trata de duas letras diferentes juntas: see /siy/, pea /piy/, employee /ɛm 'ploy iy/, sea /siy/ pie /pay/, Joe /djow/.

Se o e no final é quase sempre mudo, é lógico perguntar: para que serve? Quando o e vem depois de uma c, serve para mudar o som do c de /k/ para /s/. Isso acontece no caso de office. Sem o e no final, a pronúncia desta palavra seria bem diferente: /aw fɪk/, que não é o que pretendíamos. Tem muitos exemplos desse efeito: face /feys/, ice /ays/, romance / rou 'mæns/. Um complicador neste contexto é o fato que algumas destas palavras terminando em e mudo foram importadas para português e a pronúncia ficou de certa forma entre as duas línguas, mas sempre com aquele e final em evidência: pense em performance, por exemplo. A versão brasileira enfatiza a segunda sílaba como a original inglesa sem o devido acento, diga-se de passagem, mas não deixa de pronunciar o e final, criando uma espécie de híbrido. Seria até lógico assumir que a pronúncia tupiniquim desta palavra tão conhecida é igual à original, mas não é, porque a única função daquele e no final é de mudar o som de /k/ para /s/.

Mas qual é a função do e final em Kate ou store, por exemplo? Nesses casos, o e serve para mudar o valor da vogal que vem antes da consoante. Por exemplo: se não tivesse aquele e final em Kate, o som da vogal seria /æ/ , o mesmo som de cat. O e no final muda o som da vogal anterior para um som longo. Os sons longos de vogais são sempre os seus nomes. O nome da letra a se pronuncia /ey/. Com aquele e depois da consoante (a bem da verdade, qualquer vogal faria o mesmo efeito), mudamos o som da vogal anterior para seu nome, e temos /keyt/. O t também é mudo. (Você começa a fazer o som mas segura todo o ar.) Vamos ver mais alguns exemplos:

cut /kət/ cute /kyuwt/
pet /pɛt/ Pete /piyt/
spit /spɪt/ spite /spayt/
tot /tat/ tote /towt/.

O acréscimo de sufixos ou consoantes não altera esse quadro. Por exemplo, homeless continua com o primeiro e mudo: /'houm ləs/, Charles /tcharlz/, namely /'neym li/, believes (bə 'liyvz).

Um caso à parte é -ed. O e nesta terminação para passados e particípios passados regulares desaparece quando não há um som de /t/ ou /d/ no final do verbo. Exemplos: kick - kicked /kik/ - /kikt/, play - played /pley/ - /pleyd/, carry - carried /'ker id/. Quando tem /t/ ou /d/ no final do verbo original, no entanto, o e se pronuncia: create - created /kriy 'eyt/ - /kriy 'ey dəd/, post - posted /powst/ /'pows təd/.

Como o inglês, diferentemente do português, não dispõe de acentos para mostrar variação na pronúncia de vogais, o uso do e final é um indicador importante do jeito que temos que falar uma determinda vogal. É útil sim, mas ... não se pronuncia!

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